Findo o malabarismo, bolinhas nas mãos, Felipe se aproxima da janela aberta do carro chic. Como guilhotina, o vidro negro sobe e degola o sorriso do menino artista. O olhar frio da motorista destrava as lágrimas do garoto; inúmeras, incontroláveis, escorrem pela face e gotejam na camiseta encardida. Entre soluços, tateia os carrosaté a calçada. Não entende, mas sente que algo dentro dele seca para sempre. Sem enxugar o rosto, sai da calçada e se prostra, adulto precoce, diante do vidro fumê:
— Se eu tivesse uma arma, te matava!
Caio Romano Guerra, Helena Guerra & Abilio Guerra
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